A participação do presidente Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça está coberta de muita expectativa. O resto do mundo, e, principalmente, a nata da comunidade econômica global anseiam em conhecer não só as ideias mas também quais as prioridades e disposição do novo governo brasileiro em colocar em ação uma agenda que busque semear umambiente favorável aos negócios, e, de guiar a nação no caminho do desenvolvimento econômico e social sustentável e duradouro.
A profunda recessão econômica que fez encolher nosso PIB em quase 10% no último quadriênio, e a constatação que país vinha sendo comandado por governos diretamente envolvidos em gigantescos escândalos de corrupção, são fatores que abalaram drasticamente nossa credibilidade econômica, jurídica e institucional.
Daí o propósito da presença no Fórum do atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, reconhecido internacionalmente como um implacável combatente da corrupção – dada sua destacável autuação como juiz a frete da operação Lava Jato –, e que tem por fim afiançar ao mundo o desmedido compromisso do atual governo no enfrentamento de todas as formas de ilícitos e desmandos. A fala do ministro em Davos ressaltando que: “só uma economia com regras claras gera resultados lucrativos”, busca garantir um ambiente de plena segurança jurídica institucional, com irrefutável obediência à lei e ao cumprimento de contratos.
Além da questão econômica, há uma grande curiosidade entre as lideranças internacionais presentes no Fórum sobre como Bolsonaro deve reposicionar o Brasil no xadrez geopolítico internacional. Visto que pensamentos discrepantes do próprio presidente e alguns de seus principais interlocutores põe em cheque que rumo o país tomará.
Já que, enquanto o próprio Bolsonaro e o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, fazem críticas à China e indicam forte aproximação com Israel e Estados Unidos, dando mostras de rejeição a mecanismos multilaterais de tomada de decisões – retirando, por exemplo, o Brasil do Pacto sobre Migração da ONU. Por outro lado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o vice-presidente Hamilton Mourão defendem fortemente a abertura do Brasil para o mercado e a manutenção das boas relações do Brasil com seus principais parceiros comerciais – China e países árabes, certamente, estão entre eles.
Em termos gerais Bolsonaro cumpriu o esperado. Em seu breve e superficial discurso de abertura do Fórum em Davos passou o recado que todos queriam ouvir: de defesa do livre mercado, da abertura econômica, e destacando que “faremos as reformas que o Mundo espera do Brasil”.
Só que o ‘mundo’ não se ilude com promessas. E ficarão todos atentos ao que a Era Bolsonaro será efetivamente capaz de realizar.
José Maria Philomeno é advogado e economista